O Mendigo

No seu bolso não tem mais ouro

Seu pescoço não tem diamantes

A sua cama é de pedra

E o seu teto é transparente

Da cor da água que lhe molha

Quando chove.

Nos seus sonhos não tem mais vitórias

A sua glória ficou presa

Estendida nas roupas em um varal

E hoje é invisível para quem passa

E um mendigo pra quem o vê.

O amor tornou-se incompleto

Para quem cedo se despiu

O amor tornou-se chuva de granizo

Em dia lindo de sol

Para quem foi ferido e não quis esquecer.

Hoje debaixo de um cartão

Ele pode desenhar com o traço mais belo do mundo

Que ninguém na cidade vai querer comprar

À noite no escuro ele pode quebrar o silêncio

Cantando lindamente no viaduto

Que ninguém na cidade vai querer escutar.