OUTRAS PRECIOSIDADES (157)
OS VERDADEIROS BURROS E OS FALSOS LOUCOS
O mais esperto dos homens é aquele que,
pelo menos no meu parecer, espontaneamente,
uma vez por mês, se chama a si mesmo asno ...
coisa que hoje em dia constitui uma raridade
maldita.
Outrora dizia-se do burro, pelo menos uma
vez por ano, que ele o era, de fato; mas hoje . . .
nada disso. E a tal ponto tudo hoje está mudado
que, valha-me Deus !, não há maneira certa de
distinguirmos o homem de talento do imbecil.
Coisa que, naturalmente, obedece a um propósito.
Acabo de lembrar de uma anedota espanhola.
Coisa de dois séculos e meio passados em Espanha,
quando os franceses construíram o primeiro
manicômio. "Fecharam num lugar à parte todos os
seus doidos para nos fazerem acreditar que têm
juízo". Os espanhóis têm razão: quando fechamos
os outros num manicômio, pretendemos demonstrar
que estamos em nosso perfeito juízo. "X endoidecem;
portanto nós temos o nosso juízo no lugar". Não, há
tempos já que a conclusão não é lícita.