Sinto 4

Tem que estar preparado para partida. Sempre! Sem malas. O sagrado pede esta postura. Caso contrário sua natureza transmuta dentro como coisa vendida, dividida.

Viver a partida é algo sério. Delicado! Tem que ser mantido sob os cuidados da atenção plena para não levar ao decaimento pelo ego.

Em última e primeira instância, pede que o Ser esteja pronto para não ser ou ser pelo que tornou sagrado em nós.

Há que tirar a roupa do ego, estando nu diante do Invisível todo penetrante, insubordinado.

Aquele que não abre mão de vestidura, do definido e conjugado, não está preparado para ser com o Sagrado.

Há que fazer da ótica, discípula Dele, que a ajusta, a pondera, a adequa, polindo o contato com a sonoridade suave do amor que a tudo engloba, dominando o Ser, integrando-o na justeza do agora, que é expresso num bastar sobejante.

Pede que joguemos a toalha, a relíquia, o amor bandido, a prova do crime, a chuteira usada no jogo, o relicário e seus guardados, o cajado que instrumentalizamos com maestria depois de estado e lutado em muitos lugares, os presentes que damos para nós mesmos, aqueles que conseguimos à altura da fineza do gosto. Tem que estarmos preparados para deixar tudo para trás

Conforme a vida enfileira a alma na senda, o sabor triste-alegre da existência vai ficando afinado, sutil, e a aprovação do que sentimos pelo olho, fala, visão, audição , tato e paladar não depende do outro necessáriamente para ser do agrado.

Se é que a ameba tem uma virtude que sirva de referência para a imitarmos, para que o sagrado sobreviva em nós, é a sua capacidade de autoreprodução.

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 26/07/2019
Código do texto: T6705501
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