As almas estão cegas
Sou um sonhador qualquer
Que deseja apenas uma vida digna
Sem os espinhos que a vida traz
Nem o amargor da saliva que a língua sente
Das maçãs podres sendo ingerida
Ao estômago de fome
O frio e as sombras tomando meu corpo
O sol e a chuva temperando o âmago
Mas com a dor do querer e não poder
Suprindo minha carente alma
Desertada de desejos brandos
Meus olhos não viam muito bem
No meio daquela imensa neblina
Paredes com quais eu me chocava
E dali não passava por sua altura
Pelas mãos já danificadas
Mas eu ando com os pés
Correndo com eles enquanto sangram
E logo vejo-os sem ter remédios
Para sará-los da ferida que tanto pulsava
Com minha cabeça preenchida de anseios
Palmilhei com meus pés calejados
Ao mesmo tempo em que meus olhos choravam
Meus pensamentos só mudavam
Guerras e mais guerras
Lutas e mais lutas
Mas parece que não venci nenhuma
Estou sem time no meu esquadrão
É cada um por si
Se eu for baleado, não haverá médicos ou amigos
Quando eu estiver jogado, passarão sem olhar ao lado
Minhas vestes estão sujas
Porém minha alma é limpa
Mas vejo espíritos emporcalhados
Que não têm olhos para o próximo
E vivem ao peito de egos inflados