Sinto 3
Estou de farol baixo. Sim! Não duvide! Vivo no interior na parcimônia com o sacramentado. Compartilho com o subsolo cheirando a um quê de assentamento. Sinto estar em terra firme. A insustentável leveza do estar me guia.
Mesmo eu borbulhando com as emoções em cima, pulando sobre o fogo abrasivo daquilo que pulso para o momento; irando, chorando, vez outra, sorrindo, amando, arrastando o corpo para aqui e ali, quando paro, no silêncio, sou levada ao boiar, equilíbrio sem ponto, lançada neste estou, no agora, única, este que me escapa o que fui no antes de nascer, naquela que foi a um segundo atrás, e a que, quiçá, será depois que realizar o último suspiro.
Me sinto projetada, feita para ser neste instante, correndo o risco de não ser nunca mais. No já.
Isto, embebeda, entontece, mesmo que por alguns instantes. Basta acionar o contato.
Se fosse autorizado a mim o semear da semente do futuro d´eu mesma, na primeira pessoa do singular, na cara dura, com a lousa em branco. Que o Sagrado, na primeira ou terceira pessoa me outorgasse o poder da vontade, para gerar expectativas de um novo recomeço. Ah! Iria me esbaldar, exercer o direito irrestritamente.
Coloriria o mundo do meu jeito. Tudo prontinho para eu ser com ele. Muito amor, dança e poesia, extinguiria a possibilidade de morte, num reino onde o amor incondicional fosse a lei.
Muito amor...paz e amor “bicho”.
O índio seria, a donzela também, o negro, o esquimó, o tailandês, o indiano, o europeu, o americano,o branco, o azul e o amarelo. E eu. Hum! Experimentaria ser uma cor de cada vez, uma existência por vez. Sempre rica; do amor incondicional, dos bens materiais e espirituais infindos, de saúde, de poder e de força, da bondade, da solidariedade, da bem aventurança, da sabedoria, do conhecimento dos mistério da vida, junto com todas as almas do reino, em mesmas condições de escolhas, se possível com aquelas pessoas que amo nesta existência.
Queria ter o direito de compartilhar com o sagrado da fazedura das coisas divinas, maravilhas incomensuráveis, sabores que ele criasse, ou que cria. E, principalmente, que ele me revelasse sua verdadeira face, curando as incompletudes, solucionando no meu interior o jogo estabelecido para eu ser.
Fosse dada a oportunidade a mim de conhecer em primeira mão, sempre junto do Sagrado, aquilo que esta humanidade nem imagina ter de bom feito por ele, ou por quem ele foi enviado, a Fonte Suprema, em outros mundos e moradas.
Para eu e meus irmãos, que amo e tenho afinidade, em um futuro desenhado por nós, para eu e eles ser, em harmonia e em sintonia de gostos, podermos regozijarmos, sentirmos orgulhosos de pertencer a uma sociedade, a um grupo de almas dignas e felizes por estarem vivas no agora. Inteiras.