DEVANEIO

Se árvore eu fosse, estaria em pleno outono, largando a casca, perdendo as folhas, acenando aos céus em desalento, sentindo o sopro morno de adeus passar por mim sem seguir lhe o movimento. Tronco firme retorcido, torturado de anseios, fincado à face da Terra por teias subterrâneas. Nessa escuridão tamanha, arranharia as entranhas e filtraria a nudez ramificada ao relento... O que eu tenho dentro é um pé de esquecimento, renascendo tenso a cada silêncio que me escapa do fio do pensamento...

ROSE VIEIRA
Enviado por ROSE VIEIRA em 18/07/2019
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