Os iludidos do amor
Bate à porta dalguns, uma paixão, uma sandice, uma doença inevitável, que opera no paciente uma resistência, uma fé inabalável numa vitória improvável.
Ele sabe e não quer saber, que o negócio não vai dar certo, que a porca tem que estar com parafuso. Mas o iludido do amor fica tentando encaixar São Paulo em Porto Alegre. Se encaixotar e engaiolar um passarinho silvestre num apartamento JK.
Os amigos falam. Os parentes avisam. As brigas evidenciam. O dia a dia explicita. O afastamento magoa e o silêncio berra.
Os iludidos do amor são míopes. Só enxergam o sentimento. Mas o sentimento está se esvaindo. O enfermo deleta a informação.
O sonhador cultiva o vermelho. Sua amada, vai de azul. Ele? Esportista. Ela, do sofá. Ele trabalha e constroi um patrimônio. Ela pensa em ganhar a vida com artesanato. Ele levanta às 5. Ela, às 10. Ele, racional. Ela levita.
Ninguém toca no assunto proibido.
Ela está colorindo sonhos com esse homem que escapa.
Ele constroi um muro que os afasta ainda mais.
Mas o assunto derradeiro... segue proibido.
Quem nunca?