A Dúvida do Viajante

"Dá- me outra dose", disse o viajante ao balconista do bar. Já se passava da meia-noite e o brilho do céu encantava os corações enamorados e os jovens despreocupados com o dia de amanhã. Neste momento suspenso fugindo no bar ao relento no ar nosso viajante torturava-se com a escolha a fazer.

Neste momento o leitor deste texto encontra-se perfeitamente onde quero. Devo desculpar-me pela minha insensata arrogância, mas é necessário ao toque de humor que eu lance rumor sobre teu estado mental.

Se antes parecia tudo perfeito, agora me sinto satisfeito por ter feito tal dúvida brotar. Sei que estás tu a pensar que dúvida terá o sujeito. Pois bem, explico leitor, que o seu Adenor, sujeito da história, não está senão, com dúvida no coração. Este seu órgão interno, de dentro do externo, vive a reclamar. Adenor não sabe, mas antes que a noite acabe, uma decisão terá que tomar.

Não que este drama seja novo caro leitor, de forma certamente certeira sabemos nós dois, que, por causa do amor, frequentemente convém abrir mão do desejável em vista de ser responsável. O coração apertado é um coração que todos entendem, a não ser os doentes que não sabem amar. Motivo o qual, sabemos ser banal esticar esta discussão, sendo terminá-la então a minha decisão.

Com mais detalhes lhe explico o enlace. Nosso Adenor, sujeito trabalhador e meio abestado, tem seu pai acamado devido a grave rumor. Em verdade doença não há, mas o sibilar do povo lhe trouxe pesar, por ele considerar, em demasia eu diria, a opinião popular.

Este fato meus caros, parece o primeiro passo para o drama acalmar. Entretanto revira-se a história, pois o drama agora é saber se seu pai realmente se sente doente. Dito de outra forma, pois gosto da volta, Adenor não sabe se afaga o velho para seu humor melhorar, ou se lhe chuta a bunda para fazer levantar.

Se afaga o velho, pode ser que dê certo dele se animar. Por outro lado, talvez o chute na bunda faça-lhe retornar a vergonha na cara, para que pare de ouvir o povo reunir para o parlatório mesquinho, e por vezes malévolo.

Se ao velho afaga, pode ser que se acalma, mas fica assim, de cama dia inteiro, e somente ao banheiro resolve andar. Então Adenor, arrependido por dentro, vai ter que ir até o velho para sua bunda chutar.

Se a bunda do velho ele chuta, pode então o velho sair no pinote se achando batuta, precisando nosso viajante, sair de rompante, buscar o fujão. Então Adenor, arrependido por dentro, vai ter que o velho afagar.

Meu caro leitor. Se estivesse de certo doente, não precisaria Adenor, pensar cuidadosamente sua ação. Mas qual o remédio decente se deve dar certamente à quem adoece da mente? Carinho e atenção ou o levante de supetão?

Explicado leitor o que pensa Adenor. Quer ajudar o seu velho, mas não sabe ao certo, dos membros do corpo, sendo a mão ou o pé, qual usar para da cama tirar seu velho doente.

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