Dia em Tiradentes-MG
"Je dis je vis sur l'amour
Et j'espére vivre longtemps"
Era tarde outonal e seu rosto iluminava o ar, outrora, colonial
Tua visão descontraída e curiosa almejava os detalhes
Sendo a prima vez que pisastes em terras tupiniquins,
O meu contentamento foi divagar-te minha história
Foi teu sorriso tão lindo, deslumbrando tudo
Que pôs minh'alma em regozijo cantando junto aos pássaros.
Primeiro a pena, pendente em parte tua, com os encantos daqui
Depois o chão de pedra, contando-nos as histórias infames
De um povo sofrido, iludido pelo poderio monarca!
Foi no conjunto de vielas, morro acima, de mãos dadas com o eterno
Que findamos em oração, ao lado da igreja, olhando para o céu!
O ar pouco úmido inundava-nos em dia ensolarado
E a reflexão sobre vidas passadas e dias eternos preencheu-nos
Os vãos, deixados entre a visão das montanhas gerais.
-Oi, boa tarde! Que bela visão! - disse o moço que quase nos atropela
Mas o movimento das nuvens nos embriaga e ele quase passa despercebido
Nisso, um cãozinho se aproximou comungando nosso momento
E o vento soproso arrepiou-nos os pelos expostos, era hora de voltar.
Descendo ladeira abaixo, apresentei-te o mártir mineiro
Que em meio a praça, beijava de frente, a câmara municipal
Com uma face tão fechada que parecia desdém daqueles que por ali passaram
Como não se encantar com o Alferes? -Ele tirava os dentes e foi bode expiatório?
As casinhas coloniais abrigaram naquele dia a exposição fotográfica "Sonhos"
E teus olhos úmidos nos inconscientes alheios se compadeceram...
Quão belos, teus elos com o imaginário, com a expressão artística...
Enternecem-me amplamente os sentidos!!!
Cadeira colonial, mesa de madeira posta no meio da calçada
E admiramos os transeuntes calmos com olhos de neblina
Coisa que as brancas nuvens se encarregaram de tirar de ti!
Tens ampla visão, infindas alegorias que me encantam,
Como as loucuras de Lispector em conjunção às de Neruda!
E dentre todos os passos dados naquele dia,
Fica a certeza do amor ao belo e da inspiração em plenitude
Que fez do amor, calçada histórica, sorrisos alegres
Findando na Maria Fumaça que nos deu adeus de longe!