O ESPLENDOR DO MONTE
Eu vi a liberdade no falcão a planar no vale.
Verde, suntuoso, imenso.
A voracidade do vento me cortava a face e denunciava sua força. Mas trazia a brisa e o frescor necessários e providenciais. A única sensação que me aproximava da liberdade de um voo.
Braços abertos contra o vento, diante de um penhasco, acima do primeiro tapete de nuvens. Hesitei!
Apenas a imaginação flutuou entre a grandeza das rochas imbricadas no monte e a pequenice do vilarejo visto do alto.
E lá do alto contemplei o belo, o simples. Em meio a complexas indagações e angustias.
Busquei conexão, para desconectar-me de mim.
Meus devaneios me remeteram a glória, a graça e a misericórdia vindas do Eterno.
Eu queria me jogar! Seria libertador!
Acompanhar o sobrevoo do falcão, sem pressa, sem medo, leve. Embora, talvez ele não quisesse e preferisse descer um pouco e caminhar pelas ruas da cidade comigo, com pressa, com medo...
Volição - uma possibilidade que nos encarcera.
"A liberdade é uma abstração." - Já dizia Espinoza.