Escafandro.
Do dia pra noite morre
tudo aquilo que estava bem vivo,
eu sei porque eu vi.
Da noite pro dia esfria
todas aquelas palavras ditas
todas aquelas trocas,
descartáveis e aparentemente substituíveis.
Num piscar de olhos
me nega seu olhar,
num estalar de dedos
recusa o toque,
e tão simples quanto um olá
me diz adeus.
Logo eu,
que não deixo ninguém entrar,
que agora tenta arrumar toda essa bagunça deixada pra trás, sozinha.
Logo eu,
que teme toda e qualquer batida na porta
agora sufoca o desejo de lar,
condenada por querer bordar uma toalha para a mesa.
E tão rotineiro quanto o sol saindo
vai saindo você,
como se nunca estivesse estado
Em mim
Aqui
Em nós.