Escafandro.

Do dia pra noite morre

tudo aquilo que estava bem vivo,

eu sei porque eu vi.

Da noite pro dia esfria

todas aquelas palavras ditas

todas aquelas trocas,

descartáveis e aparentemente substituíveis.

Num piscar de olhos

me nega seu olhar,

num estalar de dedos

recusa o toque,

e tão simples quanto um olá

me diz adeus.

Logo eu,

que não deixo ninguém entrar,

que agora tenta arrumar toda essa bagunça deixada pra trás, sozinha.

Logo eu,

que teme toda e qualquer batida na porta

agora sufoca o desejo de lar,

condenada por querer bordar uma toalha para a mesa.

E tão rotineiro quanto o sol saindo

vai saindo você,

como se nunca estivesse estado

Em mim

Aqui

Em nós.

Facas não fazem barulho
Enviado por Facas não fazem barulho em 21/04/2019
Código do texto: T6628894
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