Rosa

Quem e dera ser uma rosa, viva e regada, alegre e deslumbrante. Se bem que...

Todos somos como uma rosa em algum sentido.

Eu sou uma rosa, e às vezes chego também a desabrochar.

Os ventos por vezes sopram, carregam-me as folhas, as secas.

Que ninguém se aflija ao ver uma pétala voar, é normal, precisamos colaborar com o adubo do chão, novas rosas nascem a cada dia.

Deixar-se partir é também ser, é deixar-se renovar, mudar e aprender.

Deixar de ser como se é, é também ser.

As rosas verão outras rosas mortas, intactas pelo jardim, mas elas só entenderão que uma rosa extingue-se a favor da próxima brotar.

O aroma vai até nos espinhos, para que possam ter um pouco de mim.

O vento ao longe me projeta, ao falar de mim; a corrente de ar deixa parte de mim por toda a parte.

Ao perder-me no jardim por entre o chão e as folhas secas em decomposição, não me encontro, e aí é que vão lembrando de mim.

Ao desfolhar-me percebo que não tenho fim nem limite.

10/11/2016