Santa Vitória da Boa Morte
De repente, um povoado no meio do sertão
Ruazinhas esburacadas e arenosas
Margeadas por grama seca
No centro uma igrejinha com um imenso cruzeiro de madeira nobre avermelhada
As casas fechadas, a única bodega fechada
Homenzinhos vulgares bebem aguardente debaixo da única árvore verde do lugar
Uma Gameleira antiga e leitosa
Homenzinhos tristes e amarelos bebem para esquecer a insignificância de suas vidas vazias
Olhos curiosos nos observam pelas frestas dos casebres paupérrimos
Feitos de adobe e coberto por telhas cumbuca ou sapé
No fim da vila um cemitério rodeado por um cercado de troncos tão secos e antigos
Que parecem enormes ossos
Na entrada uma cancela grosseira e sobre ela um portal de madeira com uma cruz
E sob a cruz uma caveira bovina de aspas largas
A estrada a esquerda, já fora do povoado uma ponte de madeira
Sobre um riacho de águas barrentas mesmo na estação da seca
Pergunto o nome, "Riacho Morto" me respondem
Pergunto se o povoado tem um nome
'Santa Vitória da Boa Morte" me disseram
Pergunto a mim mesmo se haveria em nossa língua
Um outro nome para um lugarzinho tão singular...