O jegue Paminonda e a sua Anaconda.

(Texto do Livro lançado em Portugal: A vida em poesia - Editora Helvétia, 2018)

Lá pelas redondezas, das matas do Sincurá,

tinha um tal de Paminonda, que infernava o lugar.

Todo mundo respeitava, o filho de Jequiriçá,

uma fera destemida, que ninguém quis enfrentar.

Quando saía à rua, despido e insuportável,

balançava bem o rabo, querendo ferir alguém.

Mandava por onde andava, de tão bravo o miserável,

dava coices para os lados, sem ter medo de ninguém.

Gostava de pular cerca, pra mexer com a vizinhança,

de nada ele tinha medo, fosse até de autoridade.

Pegava em cima com gosto, fazendo a sua festança,

em cada namoradinha, que chegava na cidade.

Mas o mal sempre se acaba, e depois da leotria,

é certo que certo dia, apareceu sua fraqueza:

podia ser Gioconda pra fazer a sua alegria.

uma fêmea especial chegando na redondeza.

Com um nome diferente, amansou o tal valente,

e no charme sensual, já chegou fazendo a onda.

Olhou bem dentro dos olhos, daquele seu pretendente,

que já foi ficando cego, nas garras da Anaconda.

Pobre foi o Paminonda, que na sua vida inteira,

nunca ficava doente, mas ficou com a apaixonada,

que pegou o jegue valente e deu logo uma rasteira,

fez-se de amante e amada, como égua descarada.

Anaconda não era égua e de besta nada tinha,

era uma cobra criada, enrolada e bem redonda.

Agarrou o animal, na armadilha bem prontinha,

acabando a lenda besta, desse tal de Paminonda.