A solidão chega
As vezes a solidão chega pra nós, outras é a gente que chega pra ela.
As vezes sentimos saudades de algum tempo, outras é o tempo que sente nossa falta.
As vezes a gente grita contra o vento e as palavras retornam contra nós. As vezes cantamos algum som, outras o som canta para nós.
As vezes nos despimos e deixamos a água nos molhar, e muitas vezes nessa mesma vez, a água acaba cobrindo nossa nudez.
As vezes nos refugiamos no rejeito, do rejeito fazemos morada, mas nunca um lar. E outras vezes do lar fazemos rejeito, porque precisamos voar.
E voamos para a tempestade, nunca para calmaria. Enfrentamos aquela até a calmaria chegar.
Mas outras vezes a solidão chega pra gente, quando a gente decide não ficar mais. Porque o tempo deixa de sentir nossa falta quando leva com ele um pouco de nós.
E contra o vento não vão só as palavras, vão tudo o que fomos um dia. A tempestade continua uma vez que entramos nela, e a calmaria, nunca mais.
E a gente não é mais a gente, uma vez que decidimos não ser, outra vez que nem escolhemos. Quem decidiu foi o tempo que nos fez passar e a solidão que decidiu chegar.