FANTASIA
Naquela porta, acima do nível da rua,
no segundo patamar da calçada íngreme,
com cor escura em meio a uma vidraça ofuscada,
vou lentamente bater e antes dela abrir, entrar.
Ao passar por ela, aquela que não sei como,
Me faz muito penar.
Vou despertar a manhã fria,
da noite morta que se foi,
e uma revelação do fundo do coração
a ela, manifestar.
Somente olhando para os olhos dela, me revelar.
E quem sabe uma canção silenciosa em voz rouca,
Uma melodia tristonha e saudosa eu irei escutar.
Com certeza matarei o desejo que me mata,
Será uma luz mais clara que o clarão do sol e do luar.
Posso até fazer cochichos aos ouvidos dela,
Mesmo que não haja música, no silencio irei sussurar.
Sei que serei um rei e ela uma graça singular,
reinarei num mundo de sonhos e aventuras,
sentirei a força dela no calor em me abraçar.
Subirei, se preciso, ao espaço sideral,
para alguns sons de uma realidade nova cantar.
Não sei o que será depois dessa realidade,
mas, para sempre, deste dia, eu irei lembrar.
É isso aí!
Acácio Nunes