PALAVRAS II
Do isolamento dentre a multidão elas fervilham em meu pensamento. Buscam alinhar-se em sentido. Vivificam a inexistência eternizando-a. Consolam o amargo. Conduzem-me para além do tempo e limites. Experimentais, usadas, velhas. Outro poeta disse: mas quais nunca são ditas? Driblando as interpretações, forjam compreensões. São elas sim, nomeiam, narram, declamam-se. Produzem e matam. Germinam e afogam. São elas sim, amores e ódios. Abstraem do abstrato o concreto. Alinham-se às imagens, às figuras. Traduzem singelos pensamentos metaforeando-os. É reveladora das paixões, das intensas paixões. De rédeas soltas - livres - quem as dominar, governará todo o corpo. De autor à protagonista, utilizar-te-ei, mesmo que não as pronuncie, elas saltarão e dirão por mim.