E ELE REZOU COMO ANTES
Rosa era mocinha na flor da idade, muito sábia, carinhosa, simpática e muito educada.
penúltima filha dos cinco filhos de seu João Capistrano e dona Ernestina.
Na cidade do Rio das Pedras, ela era a rainha, chamava a atenção da rapaziada.
Muito amiga de todos, desde os mais velhos até às crianças,
todos tinham um carinho especial por Rosinha.
O tempo passou depressa e Rosinha foi para a faculdade em Altos Horizontes, onde se formou.
Cada vez mais bonita, simpática e atraente, conseguiu emprego na cidade grande e por lá ficou.
Ela era o orgulho de seu João Capistrano, pai coruja que sempre deu apoio às decisões da filha,
como às decisões dos outros filhos também.
Dona Ernestina era de pouca prosa, era difícil de se saber o que ela sentia.
Seus irmãos sentiam-se orgulhosos, pois ela era a única estudada da família.
Uma médica por vocação.
Em Bandeira Branca vivia um rapaz já bem maduro, formoso, bonito, elegante e muito educado.
Era o segundo filho de oito irmãos, de uma família simples, tradicional e piedosa de agricultores da redondeza de Pilar do Norte e tinha uma curiosidade, não havia na irmandade nenhuma mulher.
Silvestre era um pouco mais velho do que Rosinha e trabalhava na cidade de Pedra Branca há anos.
Pedra Branca ficava há menos de dez quilômetros de Altos Horizontes, onde ele e ela estudavam.
Seu nome era Silvestre, filho de família que vivia nos arredores de Pilar do Norte.
Ele era muito sábio, muito prudente, querido por todos da cidade e gostava de se vestir muito bem.
As moças de Pedra Branca e Altos Horizontes apreciavam muito o jeito de ser e de viver de Silvestre.
Todas sonhavam acordadas com ele e queriam ter algum de relacionamento
mais forte com aquele tão simpático e educado homem.
Os irmãos de Silvestre tinham uma admiração por ele, ainda mais agora, terminando a terceira faculdade.
Logo eles que nem tinham terminado a oitava série.
Rosinha, como todas as moças, sonhava em ficar, nem que fosse só um pouquinho, com Silvestre.
Numa tarde de setembro, quando Rosinha passeava no parque municipal, encontrou-se com
Silvestre, sentaram-se num banco e muita coisa rolou.
Sentimentos foram revelados, rumos foram norteados e começou um relacionamento entre os dois.
Eles se encontravam às escondidas, pois ainda era proibido aquele amor.
Para Rosinha as flores da primavera estavam mais bonitas, os campos mais floridos, o sonho estava se tornando realidade em sua vida.
Silvestre estava apaixonado por Rosinha, mas ninguém ainda sabia, apenas alguns surtos pelo ar.
Assim, mais de um ano se passou. Até que Rosinha e Silvestre resolveram contar para as suas famílias.
Ao dizerem, houve tristezas e alegrias em ambas as famílias.
Houve a compreensão dos irmãos de ambos, mas os pais choravam compreendidos tal romance.
Mesmo diante do susto das famílias, Silvestre e Rosinha lutaram pela felicidade dos dois.
Mantiveram a fé, a esperança e o amor, fonte de toda boa intenção realizada na vida.
Com o tempo, os dois trouxeram muitas felicidades para as famílias.
Tiveram um casal de filhos, Arnaldo e Priscila, duas crianças bonitas, saudáveis, Rodolfo parecido com a mãe e Priscila parecida com o pai.
E no Natal de mil novecentos e setenta e dois, no almoço festivo, na casa da mãe de Rosinha,
Seu João Capistrano pediu para o seu genro Silvestre fazer a oração.
No finla da prece, Antonino, o irmão mais velho de Rosinha, que acalentava o neto no colo,após a oração de Silvestre
disse: - Parece um padre rezando!
Roberto o irmão caçula respondeu lá do outro canto da mesa:
- Também, depois de ter sido padre por mais de oito anos não poderia ser diferente!
E ele rezou como antes!
É isso aí!
Acácio Nunes