Antonio de Albuquerque

 
 O menino e a ovelha


Numa pequena propriedade rural, na maior simplicidade nos rincões do agreste, morava um menino denominado Guilherme, onde com amor cuidava da criação de animais, sendo essa a forma de sobrevivência da sua família. Esse menino tinha oito anos e um sonho de estudar num colégio. Até então tinha a mãe como professora que o ensinava o pouco que conhecia, mas, já auxiliava o pai sendo sua responsabilidade zelar pelo pequeno rebanho de ovelhas. Um dia em reconhecimento pelo trabalho amoroso com as ovelhas o pai lhe ofertou uma borrega, lhe aconselhando criar o animal e multiplicar para um dia facilitar sua vida.

A borrega era novinha e graciosa, que o fez dedicar-se a ela zelando pelo animalzinho, às vezes à noite ia ao curral examinar seu animal de estimação. Um dia debruçado sobre a porteira do curral admirando o animalzinho Guilherme teve um lindo sonho: Cruzarei minha ovelha e dela nascerá uma linda cria, será a mais bela de todas porque vou tratá-la com muito carinho. Depois virão outras e mais outras, eu as negociarei e um dia terei uma fazenda de ovelhas e dinheiro suficiente para custear meus estudos.

O tempo foi passando e o menino se apegou ao animal de tal forma que resolveu ficar com a ovelha para reprodução, sem, contudo, esquecer do sonho de estudar. Quando o pai resolveu vender o animal, logo ele imaginou que seria para abate e, mesmo sabendo que o dinheiro viria para si não concordou, rogando ao pai para não vender sua ovelha, o pai não atendeu, ele recorreu a mãe e irmãos e nada obteve, visto que eles precisavam vender todo o lote para sobreviver.

Desesperado com a ideia de a ovelha ser abatida, o menino recorreu ao padre da paróquia suplicando-lhe para salvar a vida de sua ovelha. Padre Antonio era um homem sensível e teve uma ideia. Era domingo, missa das dez, horário da maior presença de fieis. Então, durante a explanação dominical padre Antonio falou: Meus amados fieis, hoje celebramos o dia consagrado aos animais, criaturinhas nossos irmãos e como fieis que somos, nesse dia precisamos salvar uma vida.

Com imensa tristeza eu senti a aflição de uma criança temerosa que um animalzinho de sua estimação seja abatido, servindo de alimento para nós pecadores. Eu, de joelhos peço aos verdadeiros fieis dessa Igreja que façam uma caixa da boa vontade para com o recurso obtido, repassarmos ao homem que comprou a ovelha fazendo com que ela volte para o convívio da criança, lembrando que quem auxilia as crianças Deus lhe dá tudo em dobro. Contado o arrecadado deu para pagar a ovelhinha e ainda sobrou um tanto para a caixa do sacristão. Neste ínterim, emocionado um homem fazendeiro se levantou e afirmou: “Eu conheço a intenção desse menino na criação dessa ovelha, e assim sendo eu quero custear seus estudos, ele estudará no colégio junto com os meus filhos”, no que foi aplaudido de pé pelos fieis presentes à cerimônia religiosa. Guilherme muito feliz sendo grato a Deus e a todos, falava baixinho, o amor venceu!
Antonio de Albuquerque
Enviado por Antonio de Albuquerque em 22/08/2018
Reeditado em 22/08/2018
Código do texto: T6426398
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