_Lavadeira no Velho Xico
Cabeça forte, pescoço troncudo...
Lenço amarrado sobre os cabelos grisalhos,
cor negra, marcada pelo calor e raios do sol.
Lábios grossos e largos, dentes brancos e bonitos,
sorriso aberto e transparente.
Nariz achatado e olhos avermelhados pela poeira trazida pelo vento.
Vestido branco meio encardido para o dia-a-dia,
vai escondendo aquele corpo cansado daquela senhora.
Todos os dias lá ela vai para a beira do rio.
Com ela também vão as outras mulheres para a mesma labuta.
Gamela de madeira cheia de roupas na cabeça,
pelo trilho estreito feito pelos pés das lavadeiras,
ela vai até às águas barrentas do Velho Xico.
Nas pedras e nas quedas das águas, ela lava roupa sem parar.
Mãos ágeis esfregam os panos nobres da Casa de Dona Isabel.
Ela vai lavando e batendo nas pedras as nobres roupas
e o sol vai subindo, vai quarando a roupa estendida na grama.
Seu nome: Dona Raimunda, mulher forte e trabalhadeira,
que todos os dias caminha para a beira do rio.
Ela sim, tem muitas histórias para contar!
Quando não está ouvindo histórias e boatos, está contando.
Quando não está contando e nem ouvindo, ela canta:
“Roupa suja não se lava em casa.
Roupa suja lava-se na beira do rio.
Roupa suja fica em pé e cria asa,
Roupa suja assim, dá até arrepio”.
Dona Raimunda:
quanto trabalho, quantas saudades, e ainda sonha com a esperança!
Dona Raimunda:
Lavadeira com as lavadeiras de roupas no rio São Francisco.
É isso aí!
Acácio