O som do silencio
Não se ouve o som da alma. Aqui fora, só o silencio. Um silencio inquieto, que grita por dentro. A alma urra, geme. Soluços, grunhidos, perguntas que colidem com grossas paredes, reverberam e voltam a encontrar os limites que as confinam.
Já se tentou chorar alto, resmungar, gritar e extravasar... a opção melhor continua sendo o silencio. Um silencio que se aprende. Calar, disse, não aquietar-se. Calado, mas gritando por dentro; e as lágrimas caem quentes. Descem rosto abaixo feito cera derretida que escorre queimando, fazendo arder a pele, além dos olhos.
Da espera, espera-se que traga a esperança que se perdeu lá atrás. Companheira essencial. Se ela falta, o que se faz? Como se dá o passo seguinte?
A vida que não vivi, as profissões que não exerci, os talentos que não desenvolvi, planos que se desmancharam feito areia debaixo do temporal me fazem companhia. Perseguem-me pensamentos, anseios, sonhos.
Satisfação de alma, sentir-me plena e completa, sem arrependimentos, sem tristeza pelo que “poderia ter sido”. É assim que gostaria de acabar meus dias. Satisfeita com a vida que vivi. Grata pelo amor que dei e que recebi.