FAZER O BEM, FAZ BEM!

Numa casinha de pau a pique, com dois cômodos somente, duas janelas e uma porta, sem banheiro, bem perto da estrada batida, vivia Sá Divina, assim chamada por todos do lugar. Uma senhora muito humilde, muito simples e muito pobre.

Naquele casebre ela passava os seus dias.

Tomava sol na porta da cozinha todas as manhãs. Com um pano sujo amarrado na cabeça.

Roupas encardidas protegendo o corpo.

Assim ela vivia sobre o nada que tinha.

O que mais me impressionava era a posição corporal daquela senhorinha.

Ela era tão corcunda que mal conseguia olhar para frente.

Com as pernas todas tomadas de eczema, com panos sujos enrolados nas canelas para proteção, chinelos amarrados com arame nos pés, assim, Sá Divina visitava a vizinhança.

Muitas vezes vi aquela senhora idosa e sozinha, lenhando por entre eucalíptos, fazendo o feixe de gravetos para usá-los em seu fogão à lenha que ficava no cantinho de sua pequena cozinha.

Por muitas vezes vi mamãe preparar uma cesta básica com alimentos de nossa dispensa para serem entregues à Sá Divina.

Ela recebia os donativos com muita alegria, ia logo cuidando de guardá-los. Um pouco de arroz, de feijão, de açucar, de pó de café, de sal, macarrão, farinha de milho, trigo e até uma tábua de rapadura.

Às vezes Sá Divina aparecia lá em casa para tomar um café fresquinho e comer um bom pedaço de pão caseiro. E quando ela ia embora, levava alimentos para passar a semana.

Eu cresci vendo essas cenas acontecerem.

Mas minha maior tristeza foi quando soube que a casa mais próxima do casebre de Sá Divina, vivia o seu filho com sua família. E mais, que muitos donativos à Sá Divina eram migrados para a casa desse senhor sem pedir licença.

Sá Divina um dia partiu para outra dimensão de vida. Seu filho com sua nora também.

Espero que agora, todos gozem em paz na dimensão escatológica que acreditamos existir.

É isso aí!

Acácio Nunes