Galho seco
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Na imensidão de sentimentos, o meu anjo deixou a terra, ele, que tanto e tão bem soube poetizar! Teve que se despedir, saiu brindando os dias e as noites. Percebi desde cedo que ele não era daqui, não poderia ser. Certamente sentiu falta de caminhar sobre as nuvens, foi conferir de perto porque algumas estrelas se apagaram.
Foi fazer o amor cintilar intenso no meio da noite, ainda tentei encontrá-lo num voo raso, dele me perdi, triste estacionei num galho seco do tempo... Deixei o meu coração partir, à procura dele, frágil, feito avião, de papel que não resiste os ventos, só deu tempo chegar do outro lado do abismo que entre nós se fez, pobre coração.
Não teve forças para os voos continuar, frágil feito um galho seco... Não sei se um dia àquele anjo irá voltar, fico à beira das nuvens, o tempo todo pensando; Será, será? Deixei pendurados no varal do infinito, os bilhetinhos de amor, que eu nunca lhe fiz, outros, pedindo aos céus para ele voltar. Acabei adormecendo, sonhando com o meu anjo, sem nenhuma resposta, sem gosto de ir ou ficar.