A manhã do fim dos dias
Na manhã do dia da vingança choveu um sangue enegrecido.
Chegaram trezentos cavaleiros magros (também sangrando).
Sem discursos ou caminhar altivo,
apenas o abatimento entorpecido que precede o cadafalso.
Um vento norte profanou as sete princesas virgens.
No cais, vários galeões drapejavam velas de pele podre,
ratazanas tripulavam a ponte de comando,
Seus capitães jamais voltaram (ou partiram).
Os combates seguiram além do porto
E a maré aspergiu corpos pela praia.
Há muito as crianças se foram,
Mas o cerimonial tocou risos e brincadeiras,
Os sacerdotes haviam encontrado velhas gravações sob as ruínas da mesquita.
Os jovens que restaram executaram as danças ensaiadas
E riram o riso empodrecido dos quase mortos.
Engalanado, o Grande Líder compareceu à cerimônia
montando o último corcel branco da manada.
Falou-se que comia entranhas das viúvas.
Injúrias. Jamais tocara os humildes...
De pé, nus e envaidecidos, os reis decaídos aguardavam.
Todos se perguntaram porque sorriam, recitavam Maiakovski e cantavam
Os carrascos juraram que eles ainda possuíam lágrimas e que os viu chorar.
O que pensavam ninguém jamais saberá ao certo...
Nem os cronistas sabem o que foi feito dos corpos
Dos últimos poetas sobre a Terra...