Em Segredo

Já é quase madrugada,

e o meu corpo já cansado,

em minha boca o gosto amargo

da bebida, do cigarro

e do sexo hostil remunerado.

Companhias nunca ausentes

neste mundo tão doente

onde a dor, a saudade

e a perversa realidade

tiram o sono dos discretos homens de bem.

Hoje a chuva beijou o meu rosto,

inuptos são os lábios da natureza,

e em meu peito a única certeza

de te amar em absoluto segredo,

de sofrer por antecipação,

ominando sua comunhão,

esperando uma única solução

para findar com essa paixão.

Onde vivem os astros de seus sonhos?

Qual estrela na imensidão do universo

consegue sequestrar sua atenção?

E eu, contentando-me somente,

todavia tão contente,

quando me coloco em meio

ao seu perdido olhar e

as flechas de suas retinas

transferem a mim a doce ilusão

de por segundos de atenção

tocar quiçá seu coração.

Oh, dias de cão!

Como é triste a realidade

se comparada aos devaneios noturnos,

ao delírio musical,

onde o mundo se refaz,

onde reina a utopia,

mas não tarda vem o dia,

transformando em heresia

a mais triste forma de alegria.

Renato A
Enviado por Renato A em 03/03/2018
Reeditado em 04/12/2018
Código do texto: T6270068
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