O Compasso dos Pedais
Sob o vento fresco;
Roupas tremulam nos varais;
Alamedas se fecham;
Caras mal valadas postam-se nas janelas;
Folhagens nas copas das árvores fuxicam:
"Liberdade a pedalar."
Sopro na cara;
Força nas pernas;
Sinal de movimento intenso,
Nos pedais.
Oxigênio e puro ar;
para os pulmões,
do Lobo solitário,
não há de faltar.
Avante!
Encha os olhos,
que horizonte o pertence;
Azulado pelo luar.
Quilômetros e quilômetros;
Está o ponto distante!
Inóspito
Convivas, poeira e ventos amigos, são aqueles que se interessam pela minha dor e não entram pela porta da frente e frestas dos janelões, pensando apenas na mesa posta. Já são horas passadas e por enquanto, a comida está servida para um casarão estilo colonial vazio.
Pacientemente, estou eu cá em silêncio quase que absoluto, ouvindo o rugido dos meus leões e vendo as rabanadas de lagartos irados, a esperá-los. Vou manter os móveis limpos e as portas e janelas abertas, um ou outro, ou os três, devem chegar a qualquer momento. Pois, a poeira que passa por aqui, não tem pouso fixo e os meus amigos seguiram a passeata dos ventos; e todos, ambos estão perdidos nas estradas de terra ermas, as quais não estão acostumados transitar.
Contudo, ao anoitecer e estivermos todos reunidos ao redor da fogueira, bebericando o chá da vitalidade, proseando sobre a renovação e aguardando as sobrancelhas de cima caírem sobre as de baixo, farei um breve discurso baseado em fatos reais e acima de tudo, com conhecimento de causa para todos ouvirem: a solidão assistida pelo equilíbrio das emoções é residência insólita em que ninguém ou poucos, ousam fazer morada. Direi ainda que a solidão é amiga e está para todos os mortais, porém, nunca é vista e benquista. Sim, meus amigos, embora rudemente negada, a solidão é necessária e facho de luz íntima.
Acredito que eles saibam dessa minha eminente verdade absoluta, transformada em estalagem inóspita definitiva. Faço questão de enfatizá-la, afinal, reverenciar o que compraz, é como amar o pouco que se tem, que além de solidarizar com o bastante, nunca é demais.
Embora que indo além de um solilóquio proseado, está faltando tempo para amizades honestas, sinceras e verdadeiras.
Em prol da Liberdade
Despertei-me nessa manhã para viagem,
letras,
flores,
estrelas,
serenidade,
brisa,
crepúsculo,
simplicidade,
sorrisos,
trigais,
amor,
pomar,
acostamento de estradas,
humildade,
oásis,
respeito,
estalagem,
passos na areia,
alpercatas,
ocaso,
viola,
imensidão,
alforje,
matalotagem.
Por favor leitor, com sua tagarelice que nada diz, não perturbe o silêncio imaginativo de um poeta que não está para prosa sobre poeira tapa-olhos causada pelo espalhamento da discórdia do dinheiro,
poder,
política,
família,
ódio,
manias,
grandezas,
celebridades,
ego,
segregação,
carros de luxo,
animais domésticos,
cartão de crédito,
vaidade,
gado de corte,
pensão alimentícia,
luxúria,
conhecimento,
dor,
filho encomendado,
diplomas,
bens materiais,
ração de salmão,
dívidas,
investimentos,
em chão de giz!