Uma criança terrível ( A Rimbaud)

Viver a poesia
É mais que ser poeta
Navegar em terras longe do ar infestado da civilização
Eis o teu alfabeto
Bruxelas, Marselha, Jedar, Aden, Gibraltar, Fumay,
Java, Insbrunk,
Zanzibar, Aden
Chifre da África,
Montanhas da abissínia Harrar,
Ir... sair desse lugar vencer o  chão eterno do solo,,,,
Partir, pé de vento,
Fugir da frieza da Europa em busca de países quentes e sonhos paradisíacos - "devorar os azuis" ver os sóis em combustão;
Sair da relação gelada da mãe fria como um cacto.
Farto de escândalos, farto de todos...
Terrível criança - ir para o lugar aonde quem vai tem contas a ajustar - a África, Ásia;
Não querias a poesia mas vivê-la como um sonho vivido...
eu sou outro, eu sou outro,
Viver a verdadeira vida, na comunhão, no prazer, no êxtase, no amor possível e impossível, de modo a consumir a existência - vida outra que não terás,
Quem reporá o tempo trabalhado...? O tempo perdido? Ninguém nem mesmo Deus.
Preso a condição de homo sapiens e o desejo do prazer, do excesso, da loucura,
Segues,
Comer, dormir, não sabe aonde – experimentar o doce e o amargo cálice,
Ir a todo o desconhecido possível,
Onde só reste resquícios da civilização na bota do aventureiro, na veste do missionário, na mala do comerciante e paletó do diplomata,
Maravilhar-se com mundos desconhecidos
Haverá momentos em que sentirás arrependimentos, tédio, mas nunca medo do desconhecido,
Terás Saudades da vida ordeira que nunca teves ,
partir  é teu mantra  sagrado, como se estivesse em busca da ascese, numa via cruxis pessoal
Quem sabe se numa cidade misteriosa encontrarás mesmo que momentaneamente o gozo e a fortuna?
Às vezes Sentirás tédio, frio e fome,,,,mas ir é o que importa ....
Caminhar de modo a sentir o prazer da terra e das pedras
Quem sabe viverás de fotografias, ou tornar-se-á comerciante de café na Abissínia?
Talvez busque o que prometem as religiões da salvação....
Salvar-se  indo....
Para algum lugar distante,
Errante
Esfinge sem segredo
Despir-se  de tudo que está encoberto
Alma metafísica
Levas consigo os segredos da adolescência
De  inspiração infinita trazes consigo uma revolta de tudo e de todos,
Desejas regressar ao estado primitivo do sol
"toda lua é cruel e todo sol é engano;"
Fugir da civilização hipócrita, violenta e mesquinha,
Que quero ? O que sou? eu sou um outro...
Ah esse infinito tédio, esse amargor, essa angustia essa dor que não cessa!
Esse inconformismo arredio,
Desejas ir para um algum lugar onde o tempo não tenha a menor importância
Adentrar cada vez mais no desconhecido,
Como o único remédio para as inquietações pueris que me consomem e que só cessam com a partida.
(em construção)

 
Labareda
Enviado por Labareda em 25/02/2018
Reeditado em 11/03/2018
Código do texto: T6264240
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.