Sem pertencimento
Ela chorou quando descobriu que era amor...
E que não podia cultivá-lo.
Nem levá-lo.
Tampouco tê-lo para sempre.
Chorou quando o arrancaram dela
E percebeu que não é tão desapegada assim.
Percebeu que não controla a emoção
Que não manda no coração.
E sem que se perceba...
Sem que planeje...
Todos começam a fazer parte dela.
Viver dentro dela.
Então, concluiu que estar lúcida, nem sempre é tão bom.
Desejou não enxergar,
Não perceber,
Nem pensar..
Não chorar..
Estar inerte aos acontecimentos.
Mas sentiu que não era possível...
Sentiu necessidade de preparar-se para o desapego.
Assumir que não é tão desapegada assim...
E cumprir a missão...
A missão de amar sem pertencimento,
De amar
sem apego...
De amar...
sem querer fazer parte em todos os presentes...
E de estar contente por contemplar o amor que sente...
Mesmo que seja assim, de repente...
E descobriu que se pode guardá-lo dentro da gente...
Que nem o tempo, nem a mudança de espaço, apaga o que fazemos,
o que plantamos e colhemos..
E que tudo isso...
Levamos enquanto vivemos.