Sem pertencimento

Ela chorou quando descobriu que era amor...

E que não podia cultivá-lo.

Nem levá-lo.

Tampouco tê-lo para sempre.

Chorou quando o arrancaram dela

E percebeu que não é tão desapegada assim.

Percebeu que não controla a emoção

Que não manda no coração.

E sem que se perceba...

Sem que planeje...

Todos começam a fazer parte dela.

Viver dentro dela.

Então, concluiu que estar lúcida, nem sempre é tão bom.

Desejou não enxergar,

Não perceber,

Nem pensar..

Não chorar..

Estar inerte aos acontecimentos.

Mas sentiu que não era possível...

Sentiu necessidade de preparar-se para o desapego.

Assumir que não é tão desapegada assim...

E cumprir a missão...

A missão de amar sem pertencimento,

De amar

sem apego...

De amar...

sem querer fazer parte em todos os presentes...

E de estar contente por contemplar o amor que sente...

Mesmo que seja assim, de repente...

E descobriu que se pode guardá-lo dentro da gente...

Que nem o tempo, nem a mudança de espaço, apaga o que fazemos,

o que plantamos e colhemos..

E que tudo isso...

Levamos enquanto vivemos.

Driely xavier
Enviado por Driely xavier em 24/02/2018
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