Descida

É como descer lentamente as escadas de um sótão. Sujo, fétido, cheio de coisas velhas, inúteis, esquecidas.

Um silêncio que recobra a voz. Alta, insolente. Na parede, o lado da cama; no chão, cobertores que não aquecem.

É como entrar lentamente nas águas do mar, no início, só os pés nas margens espumosa da praia. Depois os joelhos, o ventre... De longe, vozes se misturam, chamando, talvez. Mas o barulho do vento abafa. É assim que o fundo saí do alcance das pontas dos dedos, embora ainda se desça cada vez mais.

Torna-se tentador não olhar para trás.