Estranho Olhar

Caminhante errante,

foi pelo arbítrio livre

que me impus para

essa vida em solidão.

Não foram os outros

senão eu que, por

não me achar, acabei

por essa vida, devagar,

em desatino a vagar...

À beira da estrada

sinto-me incrível,

invisível aqueles

que passam.

A roupa não é maltrapilha,

não sou um maltrapilho;

ser humano em diferente,

com a farda camuflada

da vida que escolhi.

Se sofro ferida, paciência,

cura-me o tempo, pois

aprendi que cicatrizes

são tatuagens naturais.

Como e bebo os restos

que me dão, ou não,

então procuro na lixeira

de quem nega-me o pão.

Banho creio faz mal

à saúde do errante;

mesmo assim a chuva não

desiste e insiste no molhar.

Estranho o teu estranho

olhar a olhar-me; poderoso

olhar, pois conseguiu

enxergar esse humilde

caminhante e lhe fez poesia...

fabio fernandes
Enviado por fabio fernandes em 15/01/2018
Código do texto: T6226335
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.