Mirada
A música do silêncio de quem sabe ferir
É linda, é mágica...
Ora, sempre pareceu-me cruel
Lançar-me nas mãos desconhecidas
E por em xeque a fina tez que me envolve
Se nada trago nas mãos
Nem mesmo o requinte dos sábios
Ou frescor dos que são bem amados
Mas tenho um par de ouvidos que prezo
E uma boca que ainda serve pra algo
Ainda posso ouvir da Vida a fonte
Que me mantém a salvo
Dos ruídos insistentes (também os meus)
Dos avisos desavisados
De quem por ângulo de visão
Ou por escolha inconsciente
Escolheu olhar-me através da ilusão
Dispensou as reais lentes
Ou até mesmo focou em mim
Quando precisava de uma mira diferente
(Talvez o próprio coração).