le chat noir

o gato preto passeia pelo telhado daqui de casa como um burguês que tem todas as contas em dia.

aprendo a desfilar com ele. sua elegância majestosa me deixa de queixo caído e até da vontade de vesti-lo como um duque.

le chat noir, madame, sempre foi majestoso e imagino que, se fosse gente, usaria cartola e fumaria charuto cubano e tomaria vinho português enquanto discute, educadamente, sobre como a economia chinesa afeta as produções cinematográficas norte-americanas.

(qualquer semelhança com pseudo-intelectuais de algum filme do woody allen não é mera referência),

o gato preto hoje vive nos telhados porque montmartre é muito pouco luxo pra quem consegue carícia no colo de madame e foto no Instagram.

pobre de quem pensa que o gato ainda se embriaga com baudelaire. hoje, quando cansa dos telhados, le chat ouve mc Livinho e afoga suas mágoas no bar da cachaça em plena quarta-feira.