Tempo fecundo
O tempo fecundo
Passado/presente profundo
Vem a baila pra confrontar
A dor de um ser moribundo
Que trança os dedos pro azar
O tempo travesso
Revira o corpo do avesso
Desenha em traço complexo
Explica a história do começo
Desse sentimento reconvexo
O tempo cioso de si
Reverbera poesia no fim
Transcende qualquer limite
É ferro, pedra, sal e carmim
Num mar confuso que não existe
O tempo feroz e fugaz
Corre pelas veias e jás
Num embaraço infindo
Teme com o que nem sonho, mas
Disfarço e sigo, sorrindo
O tempo cruel algoz
Leva minha verdade, e a sós
Ficamos eu e a solidão profunda
Reata muito dos nós
Minh'alma em tristeza se afunda
Sou o nada no agora e no após.