O outro lado da moeda
Giro a moeda sobre a mesa e espero ela parar de circular e cair
Não importa qual lado fica para cima; é sempre o outro lado
Conheço os meandros dos meus medos que faço de conta não ter
Há o silêncio intenso sem eco que me faz prestar atenção nele
Percorro a insegurança dos instantes sempre contidos nos dias
Acaso para mim não existe, não é fé, é constatação permanente
Fatos acontecem de forma predestinada a serem concretizados
Opto mesmo ou faço escolhas, mas somente escolhas permitidas?
O lado inverso é tão valioso quanto o anverso ou até bem mais
Nunca soube do que faço parte e o que me contém realmente
Parece que o desconhecimento é necessário e não desvendável
É assustador o deserto sem fim daquilo que há dentro de mim
Tenho um deserto de areia povoado por fatos e sentimentos
Não há uma tristeza profunda residindo-me, mas uma alegria há
Tenho não como deixar de ver portas de todos os tipos nas ruas
As portas que terei que abrir ou deixar fechadas são incógnitas
Somo, multiplico, divido, subtraio e o resultado é o mesmo
Há nada de ruim que minha resultante seja igual, ao contrário
Um excelente sinal que não estou à deriva em um mar desconhecido
Não estou perdida em nenhum dos meus caminhos ou nos meus passos
Passo por onde posso, por onde é possível e principalmente admito
Querer não é controlável, desejar não é escolha pacífica; ocorre
Não corro daquilo que me chega, pois se chegou é porque tinha vir
Vou acomodando com cuidados mil dentro da minha caixa secreta
O que me pertence, tenho como o sagrado que habita minha essência
Ainda que haja medo, susto, insegurança, há o amor pelo que me é
Há o amor algumas vezes inquieto, atraiçoando-me, mas amo meu amar
Se é bom, se vale a pena? Claro que sim, sempre! O amor é vital
Quanto aquela casinha caiada, com uma pequena varanda, acredito nela
Sempre acreditarei naquilo que é do tamanho exato e em algodão doce