O FORASTEIRO
Chegou na calada da noite
Era o assunto do momento na comunidade
Suas palavras irradiavam amizade pronta
Emolduradas por belo sorriso
Mesmo que a resposta fosse evasiva:
Cheguei conduzido nas asas de anjos
A outros dizia com olhos de amedrontar:
Aparto o joio do trigo
E por ordem da Tentação
Estou aqui pra escolher almas.
Desfilava com um belo cavalo
Adquirido logo nos primeiros dias
A todos, pagava rodadas de cerveja e cachaça
Prá uns passou a ser o forasteiro
Pra outros, o caubóy.
Bonito? Nem tanto, porém garboso
E o mistério lhe acrescia atração
As adolescentes arriscavam tímidos olhares
Em resposta, erguia a aba do chapéu
E seus olhos claros e sorriso zombeteiro
A(s) devoravam de cima, abaixo
Prá que corressem saltitantes
Entre receio e gargalhadas assanhadas
Assim como chegou, partiu
Envolto em mistérios
E na garupa de seu garboso cavalo
A mais bela jovem do local.