A Dor da Perda
 
"A dor da perda desguarnece todos os sentidos. Mas, sempre há no fundo de tal agonia, uma luz que surge para amainar o desespero. Mas esta luz é tão interior que, para percebê-la, você há, primeiro, de se desnudar diante do caos para, enfim, alcançar sua final glorificação interior".

"A dor da perda é como um sentinela abatido por uma flecha sem rumo. Há de se manter firme e indeciso diante da dor; mas também há de suportá-la até o limite do próprio ser. E o homem sedento, lento e arraigado de medo, só pede uns poucos goles d'água que lhe aliviarão a dor. Mas o tempo é curto. E curta foi sua vida que, finalmente, se abate e pruma ao chão já sem vida. Virou herói e levou consigo um pouco do que lhes davam: o sobrevoo noturno das vagas estrelas que lhe pendiam todas as noites."

E há de se guarnecer a dor com altruísmo. E há de se tomar chá junto aos reis e rainhas; e há de se desfilar aos juncos úmidos de uma madrugada sem prumo.

Há dor. E ela existe, há de se saber subjugá-la. Mas espreite: diante da solidão e do aparente vazio, sabem lá os reis, há uma remanescente sobrevivência - aquela em que vivo estás e morre como pedra-lavada pelas entranhas da alma, até conseguir a paz que, um dia, certamente, lhe será entregue por uma rainha. A doce rainha dos sonhos"
José Kappel
Enviado por José Kappel em 06/05/2017
Reeditado em 27/07/2017
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