O clichê do desamor de ocasião
Provocativo.
Imperioso.
Ululante.
Imprevisto.
Desmedido.
Ou não tanto, afinal de contas, o ódio não era um contrário absoluto ao amor, a negação do próprio, oposição ressentida, apenas um sentimento confuso que se sobressaltava numa tentativa pífia de ser indiferente.
O urro de protesto cortou o vazio de um infinito a outro.
E ela não gozou da sensação ilusória de enaltecer o âmago.
A premissa teve o efeito contrário.
O “não querer” amar desmembrou o impossível.
O medo de se convencer que riscos ocorrem, calculando-os ou não.
Não amar e odiar não se referem a sinônimos.
O escopo e a frustração de obstruir a manifestação mais inclemente acerca da pertinente questão.
Quão perto se está de não amar?
Bem distante, reafirma o coração no auge de sua razão indolente.
Há mais do amor nesse pretendido ódio do que jamais houve em épocas anteriores.
Ali dentro daquele olhar incisivo, intenso e ardente.
Os lábios se beijaram antes do encontro marcado e inevitável numa espécie de contrato assinado à revelia.
Ele é uma semente germinando noite após noite, regado pelo pensamento constante e involuntário.
Quando acontecer, será tarde demais para sustentar o desamor de ocasião...
Outubro/2016