O clichê do desamor de ocasião

Provocativo.

Imperioso.

Ululante.

Imprevisto.

Desmedido.

Ou não tanto, afinal de contas, o ódio não era um contrário absoluto ao amor, a negação do próprio, oposição ressentida, apenas um sentimento confuso que se sobressaltava numa tentativa pífia de ser indiferente.

O urro de protesto cortou o vazio de um infinito a outro.

E ela não gozou da sensação ilusória de enaltecer o âmago.

A premissa teve o efeito contrário.

O “não querer” amar desmembrou o impossível.

O medo de se convencer que riscos ocorrem, calculando-os ou não.

Não amar e odiar não se referem a sinônimos.

O escopo e a frustração de obstruir a manifestação mais inclemente acerca da pertinente questão.

Quão perto se está de não amar?

Bem distante, reafirma o coração no auge de sua razão indolente.

Há mais do amor nesse pretendido ódio do que jamais houve em épocas anteriores.

Ali dentro daquele olhar incisivo, intenso e ardente.

Os lábios se beijaram antes do encontro marcado e inevitável numa espécie de contrato assinado à revelia.

Ele é uma semente germinando noite após noite, regado pelo pensamento constante e involuntário.

Quando acontecer, será tarde demais para sustentar o desamor de ocasião...

Outubro/2016

Marisol Luz (Mary)
Enviado por Marisol Luz (Mary) em 28/01/2017
Código do texto: T5895971
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