Tristeza pós estio
Depois de duas semanas de chuva e ausência do sol, um vento forte ventou as nuvens cinzas para longe e abriu as janelas de minha alma. O claro do céu que não se via pela janela, agora começa a sorrir silêncio-azul mudo, como a vida que passa sem falar. Aos poucos a vida vai se insinuando no canto dos pardais, nas vozes de crianças que se espalham pelo espaço com cheiro de estio depois da chuvarada. Lentamente a vida começa despertar. Mas...
Por que há em mim uma vontade de hibernar, dormir, de morrer, mas sem perder a consciência? Sinto-me ido junto com a chuva, empoçado em plena esquina da amargura. Traz-me a chuva de novo, devolva-me o cinza do céu, para cobrir-me os sentimentos com nuvens de poesia.
A medida que a vida desperta nos múltiplos sons lá de fora, aumentando a medida que o sol se expande, e esquenta os telhados que ninguém lembra, em mim só vai ficando a sonolência nas sensações como um bocejo do espírito, tão esquecido de si mesmo quanto os telhados do qual lembro. Tenho sono. Sono no espírito.
O sol vem me agradar e sorri com sua cara-de-luz, mas estou nublado como ontem e fecho minhas janelas. O escuro me absolve. Me desculpe...
Vai embora!
A casa está vazia...