Recordações de um amor
Dos amores que tive, de todos que já amei, restara-me apenas a certeza que fui feliz apenas uma vez. Foi uma aventura em que viajei, por vezes sem sair do chão, ao sentir seu olhar quente a envolver-me na mais sublime sedução.
Estávamos a cerca de um metro e podia sentir o ardor do seu corpo na ânsia de achegar-se só mais um pouco, e dizer as cálidas palavras que soavam numa melodia suave, a luz da lua.
Nunca nos tocamos, a não ser pelos ansiosos olhares ardentes que trocávamos despindo-me aos poucos, apesar de completamente vestida.
Sim, ardia de paixão, queimava por dentro igual um vulcão prestes a entrar em erupção. E para acalmar e esfriar o tormento do meu coração, ele simplesmente mandava-me cartinhas cheias de paixão. E quando tudo isso passou, restaram-me apenas palavras escritas assim:
“Seu jeito cativa-me, seu olhar inspira-me a ver o seu ardor incontido, despertando em mim, um desejo de ti sentir.
A cada dia passo a escutar as batidas do meu coração numa arritmia apaixonada recitando o teu nome, envolvendo-me em turbulências indescritíveis. Onde o tempo para e esqueço da hora, dos minutos, dos segundos.
Nem o tempo, nem a distância irão impedir-me de querer-te cada vez mais. E assim como o orvalho vem pela manhã, mesmo após uma noite turbulenta, ao amanhecer tudo muda, a esperança renasce.
Princesa, uma coisa tenho por certo, que te quero mais que ontem e amanhã irei querer-te cada vez mais, muito mais. Vejo que o simples se torna uma preciosidade, e desejo alcançá-lo, afinal de contas, és minha.
E quando te vejo, a sensação de estar num paraíso, em que o sol não para de brilhar e as flores colorem as ruas exalando um perfume vivo com o cheiro do meu amor. De repente, tudo desaparece, menos nós dois. ”
E após recitá-las, permaneço na lembrança deste que nunca tive o prazer de sentir o toque envolvente dos seus braços fortes e ombros largos. Nem ao menos seu nome pude saber.
Apenas recordações.