Frio
O ruído dos ventos é insuportável e o frio volta a me assaltar com os mesmos tormentos de outrora. Volto a me assombrar.
Novamente o coração bate forte da adrenalina de tudo a se apagar. E o frio na espinha, a cabeça latejante e tudo fora do lugar.
A noite, estrelada, não ilumina completamente e as sombras dançam na escuridão, fazendo gracejos do meu tormento, só pode ser uma ilusão.
Sinto o corpo pesado, encolhido no meu canto; se pelo menos vencesse a inércia, poderia sair daqui de pronto, mas me vejo congelado e os ossos tremem, incertos.
Da dúvida ao medo, os olhos mal conseguem piscar; o sangue corre quente e as visões continuam a rastejar.
Me pego mordendo os dentes, com o ruído infernal. Gostaria que fosse só uma alucinação banal. Mas com a tortura psicológica imposta, vejo que não é apenas mais um distúrbio mental.
O chão e as paredes são tão frias quanto metal e meus ouvidos sibilam, com baixas vozes estridentes, fora do normal.
Sei que estão todos ali presentes, me observando da escuridão; choro e desvairo, perdido em minha própria imensidão.
Quanto mais se aproximam, mais perto estou de encontrar o meu destino, aquele mesmo que alguns esperam tantos anos a fio. Meu fim prematuro me aguarda nos bolsos sórdidos da morte; gostaria de ter tido uma diferente sorte.
Obs. da autora: mais um texto perdido nos meus arquivos abandonados. Este data de 2013.