Frio

O ruído dos ventos é insuportável e o frio volta a me assaltar com os mesmos tormentos de outrora. Volto a me assombrar.

Novamente o coração bate forte da adrenalina de tudo a se apagar. E o frio na espinha, a cabeça latejante e tudo fora do lugar.

A noite, estrelada, não ilumina completamente e as sombras dançam na escuridão, fazendo gracejos do meu tormento, só pode ser uma ilusão.

Sinto o corpo pesado, encolhido no meu canto; se pelo menos vencesse a inércia, poderia sair daqui de pronto, mas me vejo congelado e os ossos tremem, incertos.

Da dúvida ao medo, os olhos mal conseguem piscar; o sangue corre quente e as visões continuam a rastejar.

Me pego mordendo os dentes, com o ruído infernal. Gostaria que fosse só uma alucinação banal. Mas com a tortura psicológica imposta, vejo que não é apenas mais um distúrbio mental.

O chão e as paredes são tão frias quanto metal e meus ouvidos sibilam, com baixas vozes estridentes, fora do normal.

Sei que estão todos ali presentes, me observando da escuridão; choro e desvairo, perdido em minha própria imensidão.

Quanto mais se aproximam, mais perto estou de encontrar o meu destino, aquele mesmo que alguns esperam tantos anos a fio. Meu fim prematuro me aguarda nos bolsos sórdidos da morte; gostaria de ter tido uma diferente sorte.

Obs. da autora: mais um texto perdido nos meus arquivos abandonados. Este data de 2013.

Bárbara Guerra
Enviado por Bárbara Guerra em 18/10/2016
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