Anjinho pálido
Para Carliany, my lady!
Uma imagem ainda indefinida se interpôs na encruzilhada do meu desespero.
Silhueta de um anjo, suave, reluzente, sinuosa, brilhou incessante; afugentou os fantasmas e miasmas de amantes doentes a sugar-me o tempero vital.
Regozijo e paixão imediata foram a graça recebida dos céus num beijo inesperado.
Trouxe-me do limbo em que entidades fustigavam-me com delírios de erros imperdoáveis. Livrou-me da culpa e do remorso, abençoou-me com o prazer de ser autêntico, despertou o amor feito em cinzas.
Reacendeu o lume do peito, restaurou a psique fragmentada em décadas de lamúrias e desesperança.
Mais bela do que musas insignificantes a vadiar na mundana banalidade etílica, trouxe a redenção renegada num singelo sorriso.
Donzela de uma pureza ignorada, desceu dos céus com o livro do perdão; caiu em meus braços tal qual o real sonho da juventude!
Que o porvir não leve embora essa sensação onírica que sua presença provoca em meu ser.
Abraçado firmemente em seu corpo etéreo não deixarei que esse momento acabe em lembranças amargas.
És uma imagem nítida, vivaz no alento da madrugada e no despertar de cada manhã carregada das incertezas aterradoras.
Há a silhueta de um anjo no espaço pulsante da minha mente! Há um anjinho pálido caminhando comigo agora.
E nada temo!