Analogia da Nudez
Para fugir de amarras sociais e me desligar de indivíduos intansigentes antes mesmo de sua abordagem, construí em torno de mim uma muralha, quase impenetrável.
Vesti, para me proteger dos ataques sorrateiros, uma armadura de puro aço.
Malha, couraça, grebas, manoplas, espaldar, escarpe e elmo.
Coisas, sem as quais, fico desprovida de ação. Sem saber quem sou ou como proceder perante o mundo à minha volta.
A muralha está enraizada ao meu redor e a armadura entranhada no meu ser, arraigada em meu cerne.
E, de repente, me vejo despida de toda a proteção.
De súbito, minha muralha está ao chão.
Me encontro desprovida do contraforte e não tenho medo.
Livre, finalmente, para ser; sem o cabresto social, sem ansiedade perante o que vier.
Apenas nua.