Quando abro os olhos para o mundo
Quando abro os olhos para o mundo,
sinto a fome do homem,
sinto a raiva que come,
vejo a vida que morre.
Quando abro os olhos para o mundo,
sou mais humano, menos feliz.
Presencio a fome, a dor e a falta de amor.
Sigo os passos de um suposto criador.
Um criador surrealista.
Venerado por uma multidão politeísta
que sustenta um sistema capitalista.
Administrado por uma corja egoísta
que se diz beneficente.
Grande titereiro manipulador de mente.
Quando abro os olhos para o mundo,
bebo da fonte turva do adultério.
Aprecio o beijo quente de uma boca sem amor.
Venero lábios que chamam por outro nome.
Vomito mentiras para quem me ama,
esperando apenas o prazer na cama.
E nesta cama deixo um feto.
Um Ser quiçá afortunado.
Livre das impurezas,
desprovido de maldade.
Proezas da menor idade.
Quando abro os olhos para o mundo,
vejo a fome que mata,
sinto raiva da vida,
vejo o homem que morre.