Tarde anoitecida
O dia fez-se noite com as cortinas fechadas. O mundo girava cotidianamente. Fora daquela casa a vida seguia, porém, dentro a vida surgia. Ver teu corpo inviolado deitado no canto esquerdo da cama abrandou, severa dama, todos o versos de meu coração. A janela encostada da casa guardava mais que o segredo, a compilação dos desejos, dos meus mais indescritíveis desejos. Abafados, violados, considerados, que aguardaram o teu momento de deitar, de deitar onde agora ja não existe chão. Desse modo, a casa fez-se solitária, o som era puro silêncio, teu seio, teu ventre eram êxtase a minha boca, boca que não toquei na tua. Não provei tua carne na tarde tão anoitecida, me floresci ao te ver dormir, completamente nua em seus pensamentos, com a fronha branca te cobri os seios, com meus beijos te cobri a testa. Caminho de abnegação, agora te tinha na direção que tanto havia em meu coração, mas tão sem direção meu coração seguia por outra canção, errei de Maria. Amanhecia, ja havia pegado o trem para fora de tua vida, conheci enfim alguém que me deste a saída, a saída de tua ilusão.