Fuligem da Vida
 
Se me perco no ralo do tempo, cativa da dor e dos farelos de guerras que fizeram meu ontem, talvez ainda me deixe abater pela fuligem da vida. Ando tal qual limpador dos ventos, carrego alças de vidro sobre o chão de fragmentos que me verba os pés... E me pergunto: “que dia é hoje?” não mais conciliando o tempo com os hieróglifos do calendário da parede. Mas, é o presente que tenho, que posso viver... Fecho as horas com pontos e vírgulas precipitando continuidades... À título precário, por minhas inquietudes, recebo pensamentos e açoites em minha noite de antigas melodias... E bem me conheço: é tempo de lanternas de barro e portas fechadas em meu castelo de sonhos e utopias...