Minh'alma é velha
Minh’alma é velha
(de um sonho)
Minh’alma é velha.
Anterior ao Primeiro Sopro, anterior à grande explosão que criou o Universo. Precede até ao Nada.
Peregrinou por bilhões e bilhões de Anos-Terra tentando se aperfeiçoar. Ganhou e perdeu muito. Sofreu e sorriu, sem desanimar nunca.
Num vale gelado onde há muito me encontrava destacava-se uma mulher de porte atlético, tez clara, olhos verdes e cabelos negros em tranças rastafári, que numa corrida liderava o grupo de pessoas que a seguia.
Na terceira ou quarta volta-século que passaram pelo barranco onde me encontrava sentado, resolvi segui-los.
Em vão, distanciaram cada vez mais.
No sopé do Everest, na Cordilheira do Himalaia, tentei uma primeira subida apoiando em rudimentar escada feita de bambus, e colocada rente ao chão do barranco.
Galguei alguns degraus, mas desisti por causa da neve.
Alcancei ainda um Dedo encravado no barro da neve da montanha e agarrado a ele ainda tentei subir um pouco mais, mas desisti.
Muitos e muitos anos depois, sem saber como, estava eu em uma extensa e larga avenida de várias faixas dirigindo um carro na pista mais à esquerda.
Uma acompanhante ao meu lado recomendava que eu fosse pela faixa mais a direita, por ser mais rápida.
Por quê? Qual a razão da pressa, se tudo terá que se repetir? - questionei.
Ignorei a recomendação, pois sei que o tempo segue sempre no mesmo ritmo. Não há como acelerar ou retardá-lo.
As carcaças sempre ficam e eu prossigo.
Aprendendo, tentando alcançar aqueles que passaram por mim e que desde o início não consegui acompanhar.
Com dias e noites maiores e menores que os dias-Terra, segue o Universo, que dizem Infinito (e além dele?), no mesmo ritmo de nascer e morrer, criando sempre novas situações.
Até quando?
Zédesara
BH,21/07/2015