Até que as cortinas se fechem

A vida continua sendo uma grande mistura de altos e baixos, não necessariamente se alternando. Às vezes, exatamente ao mesmo tempo, e enquanto você é surpreendido por algo incrivelmente bom e inesperado, há também milhares de tragédias inevitáveis. Parece que a parte que cabe a nós controlar é tão pequena, mas, ainda assim, precisamos agir para a vida seguir em frente. E agir envolve riscos, como sempre o foi e sempre há de ser.

Ações. Mesmo que planejadas e mil vezes repensadas, quem é mesmo capaz de controlar os resultados? Quão significante é nossa vontade nisso tudo? Que garantia há – nenhuma, devo dizer – de que nossos planos aconteçam como previsto? Por outro lado, que mérito há, então, em nossas conquistas, nossas grandes realizações? Se, afinal, não coube a nós controlar as circunstâncias para que se mantivessem favoráveis.

O que somos nós, portanto, se não meros personagens vez ou outra escalados para cenas de sucesso, mas tantas outras para pequenos e grandes desastres? Quanto improviso nos é permitido nessas cenas que aos poucos compõem nossa vida? Será que estamos cientes de que decoramos falas e ações predeterminadas? E, se não quiser colocar dessa forma, pode dar outro nome. Destino, se quiser. Se fizer mesmo alguma diferença.

Ser um personagem talvez não seja tão ruim. Especialmente se você realmente acreditar que está vivendo cada cena como parte de sua vida. Aliás, é sua vida. E seja lá como for que acontecem os bastidores, tem sido assim desde sempre, e a vida continua. Não é como se agora – uma grande novidade – deixássemos de ter controle de nossas vidas. Não. Somos apenas a nova geração de atores. Interpretando papéis em que os personagens se acham cada vez mais independentes.

Cada vez mais acreditamos ter o domínio da natureza, do tempo, da vida. Mas esse tal destino constantemente faz questão de deixar alguns pequenos lembretes de que nossas decisões podem muito bem ser completamente insignificantes. Com sorte – ou não – ganhamos algumas linhas em branco para usar como quisermos. Suspeito que essas tenham algo entre pouca e nenhuma chance de interferir nos pontos-chave arquitetados pelo destino.

Somos atores. E somos também espectadores. A vida é um grande espetáculo, mas não nos basta assistir. Tenha o autor preparado incríveis momentos ou grandes decepções, cabe a nós sentir e vivenciar cada cena, até que um dia as cortinas se fechem para nós.

Dancker
Enviado por Dancker em 13/06/2016
Reeditado em 13/06/2016
Código do texto: T5665654
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