O Velho Armário
. . . É que um dia
Um dia qualquer, sem motivos
Vamos precisar viver
E abrir aquele nosso velho armário
Tirar aquela velha caixa
Esquecida e desprezada
Lotada e mal arrumada
Que carrega nossos cacos
Soprar o pó
Respirar e ter coragem
Tirar aquele bolo de fubá
Aquele bolinho de chuva
E aquela velha caneca
E aquela velha roupa
Coisas que ainda tem nosso cheiro
Coisas que foram importantes
E hoje estão esquecidas
Rever velhas fotos
E rir das engraçadas
Até gargalhar das ridículas
Engolir uma lágrima
E soltar outras muitas
Vendo sorrisos já apagados
Pegar livros lidos varias vezes
e outros ainda virgens
Os cds, lps e fitas
Que foram trilhas de amores
de desamores
de esperanças e desesperos
. . . É que um dia
Um dia qualquer, sem motivos
Vamos precisar viver
E abrir aquele nosso velho armário . . .