Antes galhos retorcidos a caatinga cinza fica verde,
Os riachos transbordam e os homens se enchem de gratidão; 
E as cabeças de frades exibem suas flores vermelhas que se destacam dos espinhos;
E o sertanejo com a algibeira e o alforje  carrega  pendurado nas costas um teiú;
Enquanto ouve-se o canto do ferreiro, das rolinhas e do cancão que insiste em cantar  uma triste canção;
As arribaçãs voam em direção ao florido pé de juazeiro;

Por entre as carcaças de bois mortos as cabras pastam e as palmas crescem frondosas;
Planta-se feijão,  jerimuns, melancia;
As preces a  Deus foram ouvidas
Depois do dia do Santo, a chuva cai  como cristais finos e preciosos, 
É hora de encher as cacimbas é hora de plantar quiabo, 
Tudo nasce como se  fosse por um  milagre;
As reses  que sobreviveram à seca  com os ossos a mostra começam a reagir a essa outra realidade;
Quirino vai ter se Deus quiser  feijão para comer,  carne de bode, o leite da vaquinha "descarnada", vai ter milho pra engordar os capão;
O sertanejo agradece a Deus  e a seu santo de devoção o Glorioso São José por por operar esse milagre,

O coração tão seco do sertanejo  se enche de gratidão quando passa pela estrada e observa o mato verde  de dar gastura;
E fica com a certeza  de que o  sertão é o seu lugar e roga aos céus para nunca ter de sair dali, pois tudo pode lhe  faltar  menos à fé e a esperança.
 
Labareda
Enviado por Labareda em 29/05/2016
Reeditado em 16/10/2019
Código do texto: T5650284
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