ETROM 03
Há tempos prometi contar o porquê deste nome: ETROM, que eu escolhi para minhas crises existenciais já há muito tempo. Era nessas crises que eu me prostava a chorar e escrever minhas dores em folhas que depois picava em pequenos pedacinhos, parecia um ritual. Era nessas crises que eu tinha vontade de sumir no mundo, desaparecer, começar do zero,... Eu descontava tudo naquela bendita folha de papel cheia de garranchos.
Foram tantas e tantas noites de crise que eu acabei acostumando, aprendendo a lidar.... e ela acabou tornando-se uma amiga, uma companheira inseparável, eu era a doida e ela era a pedra.... assim acabei lhe dando um nome, um carinhoso nome de ETROM. A princípio justificando mesmo a vontade que eu tinha de desaparecer desse mundo e não deixar rastros, depois acabei entendendo que na verdade era tudo o contrário.... minha Etrom era apenas uma forma de sobrevivência, de não ficar louca, nem aceitar a loucura do mundo como algo imutável.
E por aí se foram anos de companheirismo...
Hoje, não rasgo mais papel... guardo-os para um dia, quem sabe, descobrir neles que toda a dor não foi em vão e que toda a mágoa já passou.
Ou, para que eu possa um dia, rasga-los de uma só vez, e quem sabe assim, rasgar também essa minha máscara covarde, cheia de ilusão e fora da realidade.